Para você ser mais produtiva, precisa
descartar tudo que não é essencial. Assim será imprescindível que aprenda a dizer não!
Então aqui segue um “desmanual”, uma vez
que você vai usar à sua maneira, com seu tempero.
Breve contexto histórico para encher
você de coragem pra dizer os seus nãos.
No passado, convivíamos em bando e
precisávamos um dos outros para sobreviver, portanto causar mal-estar social
podia nos custar a própria vida. Vivíamos em tribos em que um não na hora
errada podia se tornar uma questão de vida ou morte.
Os psicólogos chamam esse sentimento que
ainda está tão profundamente enraizado em muitos de nós de
conformidade-normativa. Isso explica porque temos esse pavor de gerar
desconforto social com situações tão pequenas, como declinar o convite de
jantar de um casal de amigos ou não ajudar a enrolar os brigadeiros da festa da
sobrinha. Sentimos culpa em deixar as pessoas na mão.
Por outro lado, se você só diz SIM acaba,
muitas vezes, desrespeitando-se, distraindo-se, perdendo de vista o que é
essencial para você. Depois que você aprender a dizer NÃO com elegância, vai
ver que as pessoas irão respeitar e admirar a sua coragem e convicção.
Para começar, um pedido é uma coisa, e a
pessoa que está pedindo é outra. Você se nega a realizar um ato, que não se
confunde com o relacionamento que você tem com a pessoa que lhe fez o pedido.
Para ter coragem de dizer não,
concentre-se no que perderia se dissesse sim àquela pessoa ou situação. Você
estaria deixando de fazer algo que é importante para você se dissesse sim,
então NÃO!
Cada um tem suas demandas. No momento em
que você está focada nas suas tarefas, na sua vida, verá que o pedido do outro
nada mais é do que ele focado na vida dele. Está tudo certo.
Como diz minha vóvis, em seus 96 anos de
experiência: “cuide de você minha filha, porque ninguém vai fazer isso por
você, nem seu filho, nem sua mãe, nem seu marido; ninguém”, eu escuto a
sabedoria da Dona Stella!
Trocando em miúdos, chegou a hora de
você focar a sua energia na sua vida. Isso envolve dizer NÃO as pessoas e SIM
aos seus projetos de vida, sejam eles, pessoais, profissionais, amorosos,
familiares, de saúde; pois são seus. Vamos aos “nãos”:
1. O não com alternativa: “Não posso,
mas talvez a Ana se interesse…Já pensou em falar com ela?” (sorriso e pausa
simpática). Geralmente você não é insubstituível, (sem ofensas).
Começar com: “Fico honrada em ter pensado em mim, infelizmente não posso, mas
quem sabe a Renata? “Dependendo da ocasião, também é um bom começo. Quando for
no trabalho, é sempre mais difícil priorizar o essencial sem ser massacrada
pelos seus pares. Ou mesmo por outros tipos de autoridades, como parentes mais
idosos.
2. O não, mas…: “Não mas, adoraria te
encontrar quando terminar este trabalho.”
“Não mas, adoraria sair para um café, depois que eu entregar este projeto”
“Não mas, adoraria pintar a sua casa inteira sozinha e colocar papel de parede
em todos os quartos e instalar até o roteador” (não isso é sua culpa falando,
não deixe! Não tente hipercompensar! Você não está fazendo nada de errado!)
3. A pausa embaraçosa: depois do pedido
aquele silêncio desagradável e você desfruta dele, usa a seu favor. A pessoa te
pede algo e você simplesmente nada responde…Meu ex-marido era um mestre nesse
tipo de “não”, confesso, ninguém bate ele nesse não!!
“Cláudia, você poderia trazer esses remédios de Miami pra mim, quando for dessa
vez? Aqui está a listinha.” Você recebe o pedido, conta mentalmente até 3,
silêncio……..se for corajosa como meu ex, às vezes o vazio se preenche sozinho e
a pessoa fica tão sem graça que nada mais fala. (Eu morro antes disso) Mas se
ainda não for a campeã mundial nessa categoria de “não”, depois desse momento
bem constrangedor, provavelmente a pessoa estará implorando por qualquer
balbucio seu, e um “não” já será um alívio. Um tiro de misericórdia!
4. O não dos ocupados: deixe mensagens
automáticas no e-mail : “Caros amigos: estou envolvida em um projeto que exige
muito do meu tempo. Do dia tal a tal estarei totalmente off-line, se precisarem
de algo falem com fulano. Peço desculpas por não poder responder um a um da
maneira como gostaria, Um abraço Flavia”
As pessoas não se ofendem, mas você não
consegue se esconder por muito tempo. Ainda que seu projeto seja construir uma
nave espacial, um dia ele termina.
5. A agenda como testemunha: “Agradeço
desde já o convite, mas preciso conferir minha agenda para depois voltar pra
você com uma resposta.” Aquela resposta que nunca vem ou depois você diz que
não há compatibilidade de agendas e enfim, por mais lisonjeada que se sinta
pelo convite terá que recusar. Evite dizer logo em seguida só por culpa: “dessa
vez eu não vou”, ou cair em outras armadilhas que lhe trarão o próximo convite
que você não quer aceitar. Fuja de frases como: “Fica para uma próxima”, “Quem
sabe em outra oportunidade”, e outras frases suicidas desse tipo.
6. O não com permuta: “Sim, claro, mas
se eu fizer isso não poderei fazer aquilo.” “Se eu assumir a conta da empresa
X, não poderei cuidar do projeto Y.” “Sim, claro, mas se eu ficar com as
crianças, eu não poderei te ajudar no bazar do dia das mães, porque nesse dia
eu iria adiantar meu trabalho para ir com você no bazar.”. Simples, se você
puder e quiser fazer algo você pede para pessoa priorizar o que ela quer que
você faça.
7. O não facilitador: “Mamãe não posso
levá-la, estão aqui as chaves do carro ou aqui está o dinheiro pro uber”. Você
não pode fazer ou não quer fazer mas deixou tudo pronto para que a pessoa
fizesse. Um “não” justo.
8. O não clássico: Não. Não tem explicação, não tem carinha fofa, não tem
pausa, não tem agenda, é “não”! Puro e simples.
9. O não obrigada: “Não, obrigada!!!!!”,
como se a pessoa estivesse lhe oferecendo um presente. Funciona
psicologicamente como o silêncio embaraçoso, é tão esquisito que a pessoa fica
confusa e desiste. Tem uma boa saída esse “não”! Meu marido usa com sucesso. Ele
é campeão mundial em quase todas as modalidades de “não”.
10. O não bem humorado: “Neeeem a pau”
Dá uma boa risada e vida que segue!
Use essas dicas com seu tempero, sem
moderação.
Foco nos seus projetos e espero ter
incrementado seu arsenal de “nãos”.
Flávia
Bello