segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

EDUCAÇÃO NO REGIME MILITAR (1964-1985)

PERÍODO ANTERIOR AO GOLPE MILITAR (1946/1964)

• Período fértil da História da Educação brasileira.
• Atuaram importantes educadores: Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo, Lourenço Filho, Carneiro Leão, Armando Hildebrand, Pachoal Leme, Paulo Freire, Lauro de Oliveira Lima, Durmeval Trigueiro, dentre outros.
• Período que buscava efetivas mudanças para a Educação.
•Depois do golpe militar de 1964, muito educadores passaram a ser perseguidos em função de posicionamentos ideológicos.
• Muitos foram calados, exilados, demitidos, perderam funções, outros se recolheram à vida privada.
 
PERÍODO DEMOCRÁTICO 1946-1964
 
• Tentativas de erradicar o analfabetismo através de um programa nacional levando-se em conta as diferenças sociais, econômicas e culturais de cada região.
 
 A criação da Universidade de Brasília, em 1961, permitiu vislumbrar uma nova proposta universitária, com o planejamento, inclusive, do fim do exame vestibular, valendo para o ingresso na Universidade, o rendimento do aluno durante o curso no Ensino Médio.
 
O GOVERNO JOÃO GOULART MODELO ECONÔMICO X IDEOLOGIA POLÍTICA: INSTABILIDADE E CRISE
 
Modelo econômico nacional desenvolvimentista;
Defesa das Reformas de Base (agrária, tributária, trabalhista, habitacional);
Nacionalização de refinarias de petróleo;
Criação da Superintendência Nacional da Reforma Agrária – SUPRA;
Criação do Plano Nacional de Alfabetização – PNA;
Isolamento do governo em relação às elites capitalistas;
Marcha da Família com Deus pela Liberdade.
 
GOLPE MILITAR
 
No dia 30 de março as tropas do General Mourão Filho começam a se deslocar para o Rio de Janeiro. Jango enviou tropas do Rio de Janeiro para conter os militares mineiros, porém, tanto o 1° como o 2° Exército
aderiram ao movimento.
 
Em Brasília, Auro de Moura Andrade declarou vago o cargo de presidente e empossa Ranieri Mazzili, que era o presidente da Câmara do Deputados.
 
●O governo norte americano foi o primeiro a reconhecer a nova situação.
 
PRESIDENTES MILITARES
 
Castelo Branco (04/1964 – 03/1967)
Arthur Costa e Silva (03/1967 – 08/1969)
Junta militar (08 a 10/1969)
Emílio Garrastazu Médici (10/1969 – 03/1974)
Ernesto Geisel (03/1974 – 03/1979)
João Baptista Figueiredo (03/1979 – 03/1985)
 
ECONOMIA E SOCIEDADE
 
Desenvolvimento econômico sob o capitalismo monopolista dependente;
Associação do capital nacional ao capital estrangeiro;
Necessidade de crescimento da classe média;
Processo de Concentração de Capital;
Aniquilamento dos canais de participação popular.
Aparato repressivo
Ideologia da Segurança Nacional
 
MILITARES NO PODER: MUDAR PARA NÃO MUDAR
 
Grupos políticos dão legitimidade ao regime instalado;
Governo decreta por meio de AIs;
Bipartidarismo: ARENA e MDB (AI-2);
Eleições indiretas para presidente;
Criação do SNI;
"Nova Constituição de 1967";
Manutenção de algumas liberdades individuais como o direito ao "habeas corpus" no governo de Castelo Branco;
Endurecimento do regime com Costa e Silva e Médici ao Movimento Estudantil;
Luta armada;
Em 1968 – Fechamento do Congresso Nacional (AI-5);
Censura à imprensa.
Governo Médici - Fase do Milagre Econômico;
Grandes obras de infra-estrutura;
Slogans ufanistas;
Copa do Mundo;
Geisel - abertura lenta, gradual e restrita;
Desaquecimento da economia e fim do milagre econômico.
Crise do petróleo
Aumento das taxas de juros, da inflação e da dívida externa 1974 - eleições para o Congresso – crescimento da oposição
Mandato presidencial – seis anos
Senador Biônico
 
GOLPE MILITAR NA EDUCAÇÃO
 
O Decreto 477 define infrações disciplinares praticadas por professores, alunos, funcionários ou empregados de estabelecimentos de ensino público ou particulares;
Ilegalidade da UNE;
Repressão aos MEB, CPCs e MCP;
Extinto o SAM e criação da FUNABEM ligada diretamente à presidência da República
Acordos MEC/USAID
 
OS ACORDOS MEC-USAID

As ações para a Educação no período ditatorial foram fortemente articuladas pelo Ministério da Educação
brasileiro e pelo governo americano, firmado por meio de vários acordos internacionais.
 
Os mais importantes foram os 12 acordos entre o Ministério da Educação (MEC) e o United States Agency for International Development, (USAID);
 
Tinham o objetivo de implantar o modelo norteamericano nas universidades brasileiras por meio de uma profunda reforma universitária.
 
Segundo os pesquisadores, o ensino superior exerceria um papel estratégico porque caberia a ele forjar o novo quadro técnico que desse conta do novo projeto econômico brasileiro, alinhado com a política norte-americana.
 
Objetivava a contratação de assessores americanos para auxiliar nas reformas da educação pública, em todos os níveis de ensino.
 
• No caso do ensino superior, essa reforma, dentre outras coisas, propunha a departamentalização, ou seja, os professores seriam organizados em departamentos e não mais por áreas de conhecimento e afinidades teóricas.
 
• Matrícula por disciplinas, dividindo o curso em créditos de forma parcelada, quebrando a lógica das “turmas”, dessa forma, dificultando o relacionamento entre os alunos e a organização do movimento estudantil.
 
• Vestibular unificado e classificatório, acabando assim, com a grande reivindicação do movimento estudantil: a questão dos excedentes (candidatos que eram aprovados, mas não podiam efetivar matrículas devido ao número insuficiente de vagas).
 
REFORMA UNIVERSITÁRIA – LEI 5.540/1968
 
Desde a década de 1940
Resposta à pressão por acesso ao ensino superior
Exigência de racionalização: conter a expansão desordenada do ensino superior
Como oferecer mais ensino com mais qualidade?
Participação estudantil sob controle
Lei 5540/1968 – aprovada em regime de urgência no Congresso
Novidades: estrutura departamental, sistema de créditos, matrículas por disciplinas, ciclo básico, vestibular classificatório, indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão
Princípios: racionalidade, expansão, flexibilidade, integração e autonomia
Soluções técnicas para problemas políticos
 
REFORMA DO ENSINO DE 1º E 2º GRAUS, LEI 5.692/1971
 
Procurou conter a demanda para o ensino superior por meio da formação de quadros técnicos
de nível médio.
Inovação: antigos cursos primário e ginasial são substituídos pelo ensino de 1º grau, com 8 anos de duração e obrigatório dos 7 aos 14 anos.
O Ensino Médio passa a se chamar 2º grau, com duração de 3 ou 4 anos.
A legislação introduz no currículo um núcleo comum e uma parte diversificada.
Principal inovação: profissionalização compulsória.
Imprimia ao 2º grau o caráter de terminalidade e de continuidade.
Mínimos de cada habilitação profissional fixados pelo Parecer 45/1972 do Conselho Federal de Educação e modificados pelo Parecer 76/1975.
Habilitações de faz-de-conta.
Dez anos depois a reforma é alterada pela Lei 7.044/1980, que elimina a
obrigatoriedade da oferta de habilitação profissional.
A Lei 5.692/1971 refletiu os princípios da ditadura, incorporando o sentido de racionalização do trabalho escolar e a adoção do ensino profissionalizante no 2º grau.
 
RAZÕES DO FRACASSO DA REFORMA DO ENSINO DE 1º E 2º GRAUS
 
Despreparo físico, humano e ideológico para assumir uma tarefa imposta autoritariamente.
Faltavam oficinas, laboratórios, professores preparados para atuarem no ensino profissionalizante.
Falta de recursos financeiros.
Rejeição do trabalho manual por parte das camadas médias e altas da população, como também por parte dos trabalhadores.
 
PLANEJAMENTO PRIVILEGIANDO A DIMENSÃO TÉCNICA DO ENSINO
 
Busca imprimir um cunho técnico à tarefa de prever as demandas do país.
Planejamento como instrumento de governo.
Planejamento global – Planejamentos setoriais.
Plano Setorial de Educação, Cultura e Desporto (PSECD).
Concepção tecnicista voltado para o desenvolvimento econômico.
Centralização na Gestão Educacional.
 
OUTRAS REFORMAS E MEDIDAS EDUCACIONAIS
 
1967 - criação do Mobral (tentativa de substituição do Método Paulo Freire), que começou a funcionar de fato em 1970 – ênfase no ensino supletivo;
1966 foi criada pelo Governo Castelo Branco, a Comissão do Livro Técnico e do Livro Didático (COLTED), com a finalidade de incentivar, orientar, coordenar e executar as atividades do Ministério da Educação e Cultura relacionadas à produção, à edição, ao aprimoramento e à distribuição de livros técnicos e de livros didáticos.
1967 - criação da Fundação Nacional de Material Escolar (FENAME).
1983 - Criação da FAE – Fundação de Assistência ao Estudante: programas de merenda escolar, livro didático.
Projeto Rondon.
 
OUTRAS MEDIDAS EDUCACIONAIS
 
1974 - Criação do Projeto Casulo da LBA
1975 - Criação da COPRED (Coordenação de Educação pré-escolar)
1978 - Portaria 505 do MEC – Diretrizes Básicas para o ensino de Moral e Cívica e EPB
Ideologia da carência cultural e linguística – Políticas de Educação compensatória
 
DEMANDA SOCIAL E CRESCIMENTO DAS MATRÍCULAS
 
LDB de 1961 – subvenções estatais ao ensino privado;
Expansão das matrículas no ensino fundamental e médio de 1962 a 1973, tanto no ensino público quanto no privado;
Qualidade precária;
Ensino superior: expansão maior do ensino particular e em estabelecimentos isolados;
Pressão das camadas médias.
 
A ABERTURA POLÍTICA E O CAMINHO PARA O FIM DA DITADURA MILITAR
 
Governo Figueiredo – retorno gradual ao Estado democrático;
Anistia Política: os exilados voltam ao país;
Restabelecimento do pluripartidarismo;
Lei que estabelece eleições diretas para governadores;
Aprofundamento da crise econômica.
 
RECONSTRUÇÃO DA UNE E A RETOMADA DO MOVIMENTO ESTUDANTIL
Congresso em 1979 na cidade de Salvador;
Reconstrução dos DCEs e Centro Acadêmicos;
Encontros de Cursos.
 
O FIM DA DITADURA MILITAR
 
Movimento Diretas-Já;
Derrotado no Congresso por pequena margem de votos;
Primeiro presidente civil – voto indireto: Tancredo Neves;
Vice: José Sarney – o presidente da transição.
 
BIBLIOGRAFIA
 
VIEIRA, S. L. e FREITAS, I. M. S. de. Política Educacional no Brasil. Brasília: Plano Editora,
2003. p.121-142
 
SHIROMA, Eneida Oto; MORAES, Maria Célia M. de & EVANGELISTA, Olinda. Política educacional. Rio de Janeiro: DP&A Editora, 2002.

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